Por onde andam os oceanógrafos?

Já se perguntou por onde andam os nossos oceanógrafos? E o que eles andam fazendo?

As respostas pra essas perguntas começarão a ser desvendadas na mais nova coluna coluna do nosso site. As entrevistas incluirão pessoas que estão atualmente fazendo intercâmbio pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF) e pessoas que já se formaram. Os post serão liberados uma vez a cada 15 dias, com a primeira entrevista hoje e a próxima no dia 27/05. Qualquer pergunta extra que queira fazer ao entrevistados é só deixar um comentário no final. Espero que gostem! ;)

 

Então vamos à primeira entrevista:

 

PET – Qual seu nome?

Priscila – Priscila Araújo da Silva

PET – Em que semestre você estava antes de viajar?

Priscila – 5° semestre

PET – Você acha que os conhecimentos adquiridos foram úteis ao intercambio?

Priscila – Sim, principalmente os conhecimentos de meteorologia e climatologia, geologia geral, sedimentologia e oceanografia física foram úteis para a compreensão de algumas disciplinas aqui.

Oceanário de Lisboa

PET – Você participava de algum projeto/bolsa/laboratório no Labomar?

Priscila – Sim, Bolsa de Iniciação a Docência (monitoria de Oceanografia Biológica III) e era voluntária no Laboratório de Zoobentos.

PET – Em que universidade/país você está? Porque escolheu essa universidade?

Priscila – Université de Perpignan Via Domitia, na França. Estou cursando o último ano da graduação em Ciências da Terra e do Meio Ambiente. No meu edital, eram as universidades que nos escolhiam, baseadas em dossiês enviados via o parceiro francês da Capes (Campus France). Elas nos mandavam a proposta e nós decidíamos se aceitávamos ou não.

PET – Mesmo tendo tido aulas de francês no Brasil, foi difícil se acostumar a ter aulas só em francês (visto que os cursos de línguas do Brasil são mais voltados pra conversação do dia a dia)?

Priscila – Foi um pouco difícil sim por conta do vocabulário mais específico e por ser conteúdo novo algumas vezes, mas com o tempo a compreensão foi fluindo naturalmente.

PET – Quais as cadeiras mais legais/diferentes que você está cursando?

Priscila – Extinções em massa e crises ambientais, Técnicas de prospecção no domínio oceânico e Tratamento numérico de dados e programação.

PET – Teve chance de embarcar?

Priscila – Sim, em uma disciplina de Geofísica, fizemos um embarque em que o professor nos mostrou o funcionamento de técnicas geofísicas de aquisição de dados, durou umas 7 horas.

PET – Vai fazer estágio ou pesquisa supervisionada?

Priscila – Fiz um mini-estágio no laboratório da Universidade para o trabalho de conclusão de curso de 60h (visto que estou cursando o último ano de uma graduação aqui, eu também tive que fazer esse trabalho), mas a maior parte dessas horas foram cumpridas realizando revisões bibliográficas e redigindo o trabalho, que tem como tema as mudanças climáticas no Holoceno. Basicamente eu participei do processo inicial de utilização de um método geoquímico para investigar os possíveis registros no sedimento das mudanças climáticas.

Aquário de Barcelona

PET – Você sofreu algum tipo de choque cultural?

Priscila – Alguns, mas nada muito assustador. Coisas como: todos os europeus comem sem guardanapo em fast-foods. No RU, sempre haverá um pão para cada pessoa em cada refeição. Tênis de corrida aqui é só pra fazer corrida e Havaianas é pra ficar em casa. Esses assoam o nariz como se não houvesse amanhã e quisessem colocar suas vias aeras pra fora pelo nariz (ISSO, foi um choque). A comida do RU vem separada em entrada, prato principal, salada e sobremesa (e o pão) e é um choque pra eles se você resolve misturar tudo (entrada, prato principal e salada) no mesmo prato, eles consideram o ato quase um atentado. Talvez o que mais me chocou mesmo foi o comportamento dos alunos em sala de aula, há muita passividade e participação zero.

PET – Como está sendo a sua rotina?

Priscila – Completamente diferente do que é no Brasil. O ritmo aqui é outro. As aulas são organizadas de forma a serem muito concentradas nos primeiros meses do semestre e vão diminuindo a partir do segundo/terceiro mês de aula, até chegar o período onde praticamente não se tem mais aulas, que é antes das provas. Então foi meio difícil me encaizar nesse ritmo e estabelecer uma rotina, porque ela começa com aula de 8:00 às 18:00 todos os dias por alguns meses seguidos, e diminui a carga horária gradativamente até o ponto de termos apenas uma aula por dia.

PET – A bolsa está sendo suficiente? Você teve a chance de viajar para outros países/cidades?

Priscila – Sim, no meu caso que estou em cidade pequena, é mais do que suficiente e sempre deu pra programas algumas viagens pela Europa e dentro da França mesmo.

PET – Quais as principais diferenças entre os sistemas educacionais?

Priscila – A organização das aulas, que começam bastante concentradas nos primeiros mess do semestre e tendem a diminuir à medida que o semestre avança. A organização das provas também é diferente. São duas semanas de provas, uma prova diferente em cada dia (ou às vezes 2 ou 3, é meio aleatório), não importando se o módulo acabou a dois meses ou a uma semana, as provas sempre serão realizadas nessas duas semanas de provas. Há pouco incentivo à pesquisa na graduação, também. A maioria dos alunos tiveram sua primeira experiência com trabalhos em laboratório durante o trabalho de conclusão de curso. Eles são mais preparados para a pesquisa apenas no mestrado. Há muitos exercícios em sala e poucos trabalhos a desenvolver, como seminários.

PET – Você acha que as disciplinas que está fazendo ai vão ser úteis no rumo que você quer tomar dentro da oceanografia?

Priscila - É, aí é uma pergunta difícil, porque eu não tive como escolher meu curso e, basicamente ele é um curso de Geologia, então tive disciplinas como “Geologia do domínio continental”, “Hidrologia”, “Ciências e Sociedade” e coisas do gênero que dificilmente me serão úteis dentro da Oceanografia. De modo geral, só agora no segundo semestre é que estou fazendo disciplinas mais aproveitáveis pra Oceanografia. Ainda tenho minhas dúvidas se me será útil no rumo que pretendo tomar dentro do curso porque, até o momento, é a Oceanografia Biológica que me encanta, mas toda experiência é válida.

PET – Muito obrigada pela sua entrevista :D

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