Por onde andam os Oceanógrafos? ~Respostas do Ítalo

Bom galera, a última entrevista publicada foi a do Ítalo que está no Canadá. Devido ao feedback de vocês, perguntinhas extras foram feitas ao nosso caro entrevistado (não, nós não temos pena de encher a paciência dos nossos queridos entrevistados, então se quiser saber mais sobre qualquer coisa de qualquer um deles, é só deixar um comentário) e hoje é a hora da resposta!

A pergunta foi: “Você pode falar mais sobre esse Laboratório de Ecologia de Bentos de Oceanos Gelados e sobre a cadeira de Design de Veículos Automáticos dentro d’água?”

Ítalo - O laboratório se chama Cold Ocean Benthic Ecology Lab, o que daria numa tradução mais fiel “Laboratório de Ecologia Bêntica de Oceanos Frios”. Sob a supervisão do Dr. Patrick Gagnon, o laboratório possui duas salas principais: a sala úmida onde ficam os tanques e aquários que são usados para manter as espécies coletadas e a sala seca onde ficam os escritórios dos pesquisadores e a área de trabalho geral. Lá eu trabalho ajudando em dois projetos um envolvendo crescimento e macrofauna associada aos rodolitos e o outro que é voltado para o comportamento das estrelas-do-mar. No projeto dos rodolitos eu ajudo com as coletas, triagem e identificação de algumas espécies que fazem parte da macrofauna associada aos rodolitos. Já no projeto das estrelas-do-mar eu trabalho observando o comportamento delas num tanque de simulação de ondas, faço também análises de imagens produzidas na área de coleta e ajudo na coleta e manutenção das espécies que ficam nos tanques.

A cadeira de Operação e Design de Veículos Automáticos dentro d’água é mostrando os mais diversos veículos automáticos criados para coleta e/ou transmissão de dados oceanográficos. O que se vê basicamente é como são feitos e explicando o design de cada veiculo e como se opera, basicamente, cada um deles.

 

E é isso ai galera, não percam a próxima entrevista, que depois da pesquisa de opinião sobre se os post deveriam continuar quinzenais ou virar semanais, passaram a ser publicados todas as segundas-feiras a partir do dia 17/06 (espero que todos entendam que isso encurtará nossa série de entrevistas).

Dia do Oceanógrafo

E ai pessoal, estão a fim de ganhar uma camisa iradíssima por míseros R$2,00 além de contribuir socialmente ajudando as cidades afligidas pela seca ao limpar um trecho de praia?

Esse é o programa de Dia do Oceanógrafo desse ano que o PET Oceano planejou!

A atividade consistirá numa limpeza simbólica da praia, os interessados devem pagar os R$2,00 e doar 1kg de alimento não perecível (que será repassado à Cruz Vermelha, que providenciará a distribuição dos alimentos arrecadados para as cidades do interior do estado que estão atualmente sofrendo com a seca). O inscrito terá direito a uma camisa o ficial do evento e ao material necessário para a coleta (luvas), mas deve providenciar outros itens (como protetor solar e cantil com água).

As inscrições serão realizadas no local, dia e hora da coleta; então compareça, garanta sua camisa e contribua social e ambientalmente com a nossa sociedade! ;D

 

Mais informações serão liberadas via email e pela página do facebook do PET Oceano: https://www.facebook.com/pages/PET-Oceanografia-UFC/219274924833654

Por onde andam os Oceanógrafos?

Na entrevista de hoje, vamos saber um pouco mais sobre o que há pra se fazer no Canadá quando o assunto é Oceanografia com o aluno Ítalo. Todos prontos? Então vamos lá!

 

PET – Qual seu nome?

Ítalo – Italo Cesar Camelo Soares Lima

PET – Em que semestre você estava antes de viajar?

Ítalo – 6° semestre

PET – Você acha que os conhecimentos adquiridos foram úteis ao intercambio?

Ítalo – Sim, algumas disciplinas que eu já havia cursado e a experiência que eu já tinha em laboratório facilitaram na hora de procurar estágio e no entendimento das aulas aqui.

PET – Você participava de algum projeto/bolsa/laboratório no Labomar?

Ítalo – Eu era bolsista do PET e voluntário no laboratório de Zoobentos.

PET – Em que universidade/país você está? Porque escolheu essa universidade?

Ítalo – Memorial University of Newfoundland no Canadá. Escolhi porque ela é bem desenvolvida na parte de Oceanografia Física e tem boas disciplinas na parte biológica.

PET – Você foi pro intercambio com o curso de inglês, foi de 3 ou 6 meses? Acha que isso foi algum tipo de vantagem pra você?

Ítalo – O meu curso foi de 3 meses. Foi vantagem sim, porque realmente me deu tempo para me acostumar com o uso do inglês diariamente e outra vantagem foi que nesse tempo eu me acostumei com o lugar, com as pessoas e com o sotaque. Seria complicado se eu já chegasse tendo aula normal e tendo que me acostumar com tudo de uma vez. Além disso, o curso de inglês foi bastante proveitoso.

PET – Quais as cadeiras mais legais/diferentes que você está cursando?

Ítalo – Operação de ROV, Sensoriamento Remoto Avançado e Operação e Desing de Veículos Automáticos dentro d’água.

PET – Teve chance de embarcar?

Ítalo – Sim, durante o estágio. Foram embarques para projetos envolvendo mergulho. Até agora eu já fiz 2 embarques de mais ou menos 6 horas cada, mas ainda vão ter outros mais na frente. Eu não cheguei a mergulhar nesse embarques por não possuir experiência com mergulho e por causa da temperatura da água que é muito fria. O pessoal que mergulhou é experiente com mergulho em águas desse tipo. A temperatura da água estava entre 1 e 2°C. O que eu fiz foi ajudar o pessoal com os equipamentos, recolher as amostras coletadas para dentro do barco e marcar os tempos de cada mergulho.

PET – Vai fazer estágio ou pesquisa supervisionada?

Ítalo – Sim, 12 semanas de estágio no Laboratório de Ecologia de Bentos de Oceanos Gelados.

PET – Você sofreu algum tipo de choque cultural?

Ítalo – Sim, comida diferente, comportamentos diferentes e várias culturas diferentes num mesmo lugar, porque aqui existem muitas outras pessoas de outros países estudando. Não é somente com a cultura canadense que eu estou tendo contato. Moro com um mexicano, um filipino e um canadense. Conheço vários chineses, colombianos e alguns árabes e indianos. São várias culturas e belas histórias num lugar só. Uma das coisas mais chocantes daqui é que o pessoal é muito educado. Eles param o carro quando você vai atravessar a rua, muitos deles seguram a porta para você entrar. O pessoal se prontifica em te ajudar quando você pede informação. Já me deram carona quando eu perguntei onde ficava uma rua e quando eu tava me mudando do hotel que eu estava para minha casa agora a dona da casa me deu carona e trouxe todas as minhas coisas e ainda mostrou os principais pontos da cidade. De estranho eles tem os hábitos alimentares. Eles comem fast food no almoço como se fosse a coisa mais saudável do mundo e eles não sabe o que é usar um guardanapo. Aqui também tem gente que não sabe o que é desodorante ou o escovar os dentes de manhã.

PET – Como está sendo a sua rotina?

Ítalo – Aulas/estágio de 9:00 as 16:45 durante a semana. Finais de semana, dependendo das condições do tempo (ou seja, se estiver ensolarado), saio com alguns amigos ou sozinho para conhecer partes novas da cidade e fazer algumas trilhas diferentes.

PET – A bolsa está sendo suficiente? Você teve a chance de viajar para outros países/cidades?

Ítalo – A bolsa é suficiente, mas o que sobra pra viajar não se compara com os outros bolsistas. Aqui tudo é mais caro por se tratar de uma ilha e ser complicado o transporte de bens de consumo. Já tive chance de conhecer outras partes da ilha que estou morando, mas por enquanto não planejo grandes viagens. Pretendo deixar para o final.

PET – Quais as principais diferenças entre os sistemas educacionais?

Ítalo – Aqui é mais organizado e a infraestrutura é melhor (tanto em laboratório quanto em sala de aula) e o pessoal aqui demonstra uma maior preocupação com os alunos. Não estou dizendo que a UFC ou o LABOMAR não investem nos alunos, existe uma preocupação sim e antes de vir pra cá eu vi algumas mudanças acontecendo, mas aqui você sente que o investimento é maior. Aqui tem salas de aulas maiores e bem equipadas, planos de emergência, treinamentos para possíveis acidentes, professores treinados para prestar primeiros socorros em laboratórios e por ai vai. Você vê tudo isso funcionando e não tem como não se sentir que o investimento é maior.

PET – Você acha que as disciplinas que está fazendo ai vão ser úteis no rumo que você quer tomar dentro da oceanografia?

Ítalo – Acredito que sim, pois as disciplinas que estou fazendo são de aplicação geral o que me proporciona maior empregabilidade do que estou aprendendo. Existem algumas disciplinas que são especificas para regiões frias, mas não achei que isso me fosse ser útil ao trabalhar em regiões tropicais. Por isso estou preferindo disciplinas com pegada que possuam uma abrangência maior.

PET – Muito obrigada pela sua entrevista :D

Por onde andam os oceanógrafos?

Já se perguntou por onde andam os nossos oceanógrafos? E o que eles andam fazendo?

As respostas pra essas perguntas começarão a ser desvendadas na mais nova coluna coluna do nosso site. As entrevistas incluirão pessoas que estão atualmente fazendo intercâmbio pelo programa Ciência sem Fronteiras (CsF) e pessoas que já se formaram. Os post serão liberados uma vez a cada 15 dias, com a primeira entrevista hoje e a próxima no dia 27/05. Qualquer pergunta extra que queira fazer ao entrevistados é só deixar um comentário no final. Espero que gostem! ;)

 

Então vamos à primeira entrevista:

 

PET – Qual seu nome?

Priscila – Priscila Araújo da Silva

PET – Em que semestre você estava antes de viajar?

Priscila – 5° semestre

PET – Você acha que os conhecimentos adquiridos foram úteis ao intercambio?

Priscila – Sim, principalmente os conhecimentos de meteorologia e climatologia, geologia geral, sedimentologia e oceanografia física foram úteis para a compreensão de algumas disciplinas aqui.

Oceanário de Lisboa

PET – Você participava de algum projeto/bolsa/laboratório no Labomar?

Priscila – Sim, Bolsa de Iniciação a Docência (monitoria de Oceanografia Biológica III) e era voluntária no Laboratório de Zoobentos.

PET – Em que universidade/país você está? Porque escolheu essa universidade?

Priscila – Université de Perpignan Via Domitia, na França. Estou cursando o último ano da graduação em Ciências da Terra e do Meio Ambiente. No meu edital, eram as universidades que nos escolhiam, baseadas em dossiês enviados via o parceiro francês da Capes (Campus France). Elas nos mandavam a proposta e nós decidíamos se aceitávamos ou não.

PET – Mesmo tendo tido aulas de francês no Brasil, foi difícil se acostumar a ter aulas só em francês (visto que os cursos de línguas do Brasil são mais voltados pra conversação do dia a dia)?

Priscila – Foi um pouco difícil sim por conta do vocabulário mais específico e por ser conteúdo novo algumas vezes, mas com o tempo a compreensão foi fluindo naturalmente.

PET – Quais as cadeiras mais legais/diferentes que você está cursando?

Priscila – Extinções em massa e crises ambientais, Técnicas de prospecção no domínio oceânico e Tratamento numérico de dados e programação.

PET – Teve chance de embarcar?

Priscila – Sim, em uma disciplina de Geofísica, fizemos um embarque em que o professor nos mostrou o funcionamento de técnicas geofísicas de aquisição de dados, durou umas 7 horas.

PET – Vai fazer estágio ou pesquisa supervisionada?

Priscila – Fiz um mini-estágio no laboratório da Universidade para o trabalho de conclusão de curso de 60h (visto que estou cursando o último ano de uma graduação aqui, eu também tive que fazer esse trabalho), mas a maior parte dessas horas foram cumpridas realizando revisões bibliográficas e redigindo o trabalho, que tem como tema as mudanças climáticas no Holoceno. Basicamente eu participei do processo inicial de utilização de um método geoquímico para investigar os possíveis registros no sedimento das mudanças climáticas.

Aquário de Barcelona

PET – Você sofreu algum tipo de choque cultural?

Priscila – Alguns, mas nada muito assustador. Coisas como: todos os europeus comem sem guardanapo em fast-foods. No RU, sempre haverá um pão para cada pessoa em cada refeição. Tênis de corrida aqui é só pra fazer corrida e Havaianas é pra ficar em casa. Esses assoam o nariz como se não houvesse amanhã e quisessem colocar suas vias aeras pra fora pelo nariz (ISSO, foi um choque). A comida do RU vem separada em entrada, prato principal, salada e sobremesa (e o pão) e é um choque pra eles se você resolve misturar tudo (entrada, prato principal e salada) no mesmo prato, eles consideram o ato quase um atentado. Talvez o que mais me chocou mesmo foi o comportamento dos alunos em sala de aula, há muita passividade e participação zero.

PET – Como está sendo a sua rotina?

Priscila – Completamente diferente do que é no Brasil. O ritmo aqui é outro. As aulas são organizadas de forma a serem muito concentradas nos primeiros meses do semestre e vão diminuindo a partir do segundo/terceiro mês de aula, até chegar o período onde praticamente não se tem mais aulas, que é antes das provas. Então foi meio difícil me encaizar nesse ritmo e estabelecer uma rotina, porque ela começa com aula de 8:00 às 18:00 todos os dias por alguns meses seguidos, e diminui a carga horária gradativamente até o ponto de termos apenas uma aula por dia.

PET – A bolsa está sendo suficiente? Você teve a chance de viajar para outros países/cidades?

Priscila – Sim, no meu caso que estou em cidade pequena, é mais do que suficiente e sempre deu pra programas algumas viagens pela Europa e dentro da França mesmo.

PET – Quais as principais diferenças entre os sistemas educacionais?

Priscila – A organização das aulas, que começam bastante concentradas nos primeiros mess do semestre e tendem a diminuir à medida que o semestre avança. A organização das provas também é diferente. São duas semanas de provas, uma prova diferente em cada dia (ou às vezes 2 ou 3, é meio aleatório), não importando se o módulo acabou a dois meses ou a uma semana, as provas sempre serão realizadas nessas duas semanas de provas. Há pouco incentivo à pesquisa na graduação, também. A maioria dos alunos tiveram sua primeira experiência com trabalhos em laboratório durante o trabalho de conclusão de curso. Eles são mais preparados para a pesquisa apenas no mestrado. Há muitos exercícios em sala e poucos trabalhos a desenvolver, como seminários.

PET – Você acha que as disciplinas que está fazendo ai vão ser úteis no rumo que você quer tomar dentro da oceanografia?

Priscila - É, aí é uma pergunta difícil, porque eu não tive como escolher meu curso e, basicamente ele é um curso de Geologia, então tive disciplinas como “Geologia do domínio continental”, “Hidrologia”, “Ciências e Sociedade” e coisas do gênero que dificilmente me serão úteis dentro da Oceanografia. De modo geral, só agora no segundo semestre é que estou fazendo disciplinas mais aproveitáveis pra Oceanografia. Ainda tenho minhas dúvidas se me será útil no rumo que pretendo tomar dentro do curso porque, até o momento, é a Oceanografia Biológica que me encanta, mas toda experiência é válida.

PET – Muito obrigada pela sua entrevista :D

IV Semana de Ciências do Mar

 

A Semana de Ciências do Mar é só no fim do ano. Temos muito trabalho para fazer e por isso precisamos de você para que possamos sempre fazer o melhor. A idéia é que esta atividade seja construida por todos. Que possamos nos identificar com a semana.

A semana é aberta ao público, mas o público alvo principal são os alunos do LABOMAR. Faça críticas construtivas sobre o que já vivenciou nas outras edições da semana ou dê sugestões de Tema central, minicursos, palestrantes.. etc..

Não levará muito tempo e é anônimo. Você também pode citar o que não gostaria que se repetisse do que ocorreu em outras edições da semana. Link para sugestões:

https://docs.google.com/forms/d/1zKGLK1MukH7RxJnUvmkPFdp9_YYWQJ4cgQjR2wC8K8c/viewform

PS: Professores, técnicos, alunos de ciencias ambientais, pós graduação… todos podem responder!

 

Segunda seleção de bolsistas PET 2013

 

A Coordenação do Programa de Educação Tutorial (PET) do Curso de Oceanografia do
Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR, da Universidade Federal do Ceará – UFC,
FAZ SABER que se encontram abertas no período de 13 a 24 de maio de 2013, no
horário de 08:30 às 11:00 horas, na Secretaria da Coordenação de Ensino de
Graduação em Oceanografia, as inscrições para a seleção de 07 (SETE) candidatos a
bolsistas do PET.

 

MAIS INFORMAÇÕES!

Por onde andam os Oceanógrafos? ~EUA

Olha mais uma ex-integrante do PET marcando presença no Ciência sem Fronteiras ai gente! Dessa vez vamos aos EUA conversar com a Gabi sobre o que ela anda fazendo.

PET – Qual seu nome?

Gabrielle – Gabrielle Melo Fernandes

PET – Em que semestre você estava antes de viajar?

Gabrielle – Eu estava no 7° semestre

PET – Você acha que os conhecimentos adquiridos foram úteis ao intercambio?

Georgia Aquarium

Gabrielle – Muito úteis! Na universidade que eu estou, eu era a que tinha um dos melhores backgrounds em Oceanografia nas minhas turmas. A gente não ficou devendo a ninguém aqui. Claro que tem umas deficiências aqui e ali, mas no geral a gente tem muito mais conteúdo sobre oceanografia. Por exemplo, na UMass, oceanografia física é uma cadeira da pós-gradução. Acredito que eles foquem mais no básic, alem disso durante os quatro anos de gradação daqui eles tem que cumprir cadeiras como história da arte, cultura internacional, essas matérias não relacionadas a Oceanografia o que diminui a carga cientifica, digamos assim

PET – Em que universidade/país você está? Porque escolheu essa universidade?

Gabrielle – Universidade de Massachusetts (UMass) – Boston. Na verdade, eu não escolhi a minha universidade e pra ser bem sincera, ainda não entendo muito bem como foi essa distribuição. Aqui nos EUA, você faz uma inscrição geral e uma agencia, o International Institute of Education (IIE), fica encarregada de mandar sua inscrição para as universidades e eles escolhem entre as quais você tiver sido aceita. E daí já te mandam o documento com a universidade e você aceita ou não.

PET – Você participava de algum projeto/bolsa/laboratório no Labomar?

Gabrielle – Sim, eu era bolsista do PET e voluntária no Laboratório de Contaminantes Orgânicos – LACOr.

 PET – Quais as cadeiras mais legais/diferentes que você está cursando?

Gabrielle – Eu realmente gostei de fazer duas cadeiras de ArcGis e uma de recursos naturais e desenvolvimento sustentável, no mais as cadeiras foram bem comuns.

PET – Teve chance de embarcar?

Gabrielle – Sim, mas não chegou a ser um “navio de verdade”. Foi uma coleta de testemunho para o laboratório que eu estou participando.

PET – Vai fazer estágio ou pesquisa supervisionada?

Gabrielle – Sim, na primeira metade do verão vou fazer pesquisa em um laboratório sobre reconstrução paleoambiental na UMass, trabalhando com amostras do paleoceano Neo-Thetys e tentando entender uma extinção em massa de 252 milhões de anos atrás! Na segunda metade, vou trabalhar no “River Project” com um professor no Woods Hole (WHOI) que está tentando entender como os grandes rios exportam carbono para os oceanos.

PET - Foi difícil se acostumar a ter aulas em inglês (visto que os cursos de línguas do Brasil são mais voltados pra conversação do dia a dia)?

Charles River (maior rio da região, completamente congelado no inverno)

Gabrielle - Eu tirei menos de 80 no TOEFL, por causa disso participei de um curso de inglês com duração de um mês e meio antes das aulas começarem. Esse período de transição foi muito importante, porque tive a oportunidade de adaptação gradual. Daí quando as aulas começaram pra valer, eu já estava bem mais acostumada com o ritmo de conversação.

PET – Você sofreu algum tipo de choque cultural?

Gabrielle – Vários, nada que a gente não se acostume com o tempo (fazer o que, né?). o primeiro choque foi que eles tem um costume (hábito, sei lá) com não ultrapasse meu espaço pessoal, o que chega a ser irritante. Toda vez que você pensa em cruzar o caminho de alguém, ou estão indo em direções contrárias, você tem que pedir desculpa. É sorry pra cá, sorry pra lá! Eles dizem que se você chega a uma certa proximidade ou você vai dar um murro ou vai beijar. Achei isso bem peculiar. Além disso, nada de toque ou abraço, é tudo na base do balançar de cabeça ou aperto de mãos… Passei por algumas situações quando tentei abraçar as pessoas na hora da chegada ou da despedida, bem engraçado! Outro choque bem forte foi a alimentação. Tudo aqui é industrializado, muito conservante e muita lata. E sanduiche é a bola da vez! Nada de arrozinho, feijão e bife acebolado…ai ai, to sonhando com isso! A questão da segurança publica aqui me surpreendeu muito. Não ando com medo de ser assaltada a qualquer hora do dia, isso é um sonho. Todo mundo tem iphone, ipod e similares e usam no metrô, na rua, embaixo da ponte. Isso ainda me choca, sempre rola aquele reflexo de olhar pra trás e ver se alguém está te observando pra levar sua máquina enquanto você tá tirando uma foto no parque. Tenso! Mas enfim, essas experiências são as que fazem a diferença!

Georgia Aquarium

Gabrielle – A rotina é praticamente a mesma do Brasil. O ritmo de aula depende do semestre. Eles não tem uma carga horária fechada, a cada semestre as disciplinas são ofertadas em horários diferentes. No primeiro semestre aqui, dois dias da semana eu não tinha aula! Nesse último, ficou mais preenchido, porque eu entrei em um laboratório, então estava todo dia na universidade. A carga de horária aqui é menor, mas como eles tem muita tarefa de casa, isso acaba compensando. Final de semana sempre rola um cineminha, barzinho, restaurantes, essas coisas da vida! Diferente aqui é que tudo fecha as 2hs da manhã e você não pode beber álcool em espaços públicos.

PET – A bolsa está sendo suficiente? Você teve a chance de viajar para outros países/cidades?

Gabrielle – A bolsa supriu todas as minhas necessidades com comida, transporte, diversão e tudo mais. O problema é que aqui as passagens de avião são caras, o que não permitiu que eu viajasse tanto assim. Eu fui pra Nova York que é pertinho daqui e pra Atlanta também.

PET – Quais as principais diferenças entre os sistemas educacionais?

Gabrielle –Como eu disse eles focam mais no básico, tem várias disciplinas que não são relacionadas com o curso em si. Além disso, a carga horária dentro de sala de aula é menor, porém com muita tarefa de casa. O que eu acho bem positivo, porque você aprende muito mais fazendo os exercícios do que estando dentro de uma sala de aula ouvindo sobre alguma coisa que você não tem ideia do que se trata. Uma diferença muito grande é a forma como eles dão a nota de tudo. Você não é avaliado baseado na porcentagem do que você acertou dos exercícios, e sim, como você foi em relação aos outros alunos da sua classe. Então, se você estiver com um monte de monstrinho na sala, mesmo que você vá bem, você tem que ir no mesmo ritmo deles pra tirar um “A”. Se a turma for mais ou menos, você só precisa fazer os exercícios, sem muita dedicação, que você tem a melhor nota da turma. Acho isso muito zoado, mas enfim nada que eu possa fazer.

PET – Muito obrigada pela sua entrevista :D